A MISSAO
Em 2012, recebi o chamado para participar da minha segunda viagem missionária e vou compartilhar a história dessa viagem em particular, pois vivenciei uma das experiências mais marcantes da minha vida. Todos sabemos que Deus realiza milagres, mas ser um instrumento divino e testemunhar a ação do Espírito Santo é uma experiência indescritível.
Nosso destino era Guiné-Bissau, na Africa, onde um grupo de 17 voluntários da igreja, liderados pelo
Pastor responsável pelas missões, se uniu para essa jornada. Passamos por treinamento, nos
familiarizamos com as crenças e a cultura local, e fomos alertados sobre a religião predominante
na região, onde 45% são muçulmanos e 50% são animistas, adoradores do deus “Ira”, uma
representação do diabo. Muitas pessoas serviam a essas crenças por medo e desconheciam a
existência de Deus.
Tínhamos diversos pontos de evangelismo e atendimento médico, e eu me dedicava
principalmente ao atendimento de mulheres e crianças. Os atendimentos eram inúmeros, talvez
ultrapassando 100 por dia, e a maioria dessas pessoas nunca haviam recebido cuidados médicos em
suas vidas. Em uma segunda-feira de manhã, em um dos locais de atendimento, chegou um menino de 12 anos trazido por sua família em condições terríveis. Ele mal conseguia se mover, estava deitado em uma tábua, com o corpo completamente inchado, incapaz de abrir os olhos ou falar. A família nos informou que ele estava nesse estado haviam dois meses.
Como médica, passaram pela minha mente diversos possíveis diagnósticos, porém, diante das
condições precárias e da falta de recursos para realizar exames ou providenciar internação
hospitalar, fizemos o que podíamos com os medicamentos doados. Havia um medicamento que
poderia ajudar, mas em minha mente, era evidente que aquele menino precisava ser internado
com urgência e receber cuidados intensivos.
Sua situação era de extrema emergência. O nome dele era Beto, e seu rosto não saía da minha mente. Com o passar dos dias, fui visitá-lo, mas seu inchaço pouco melhorava. Na sexta-feira, realizamos um projeto evangelístico para crianças, e para minha surpresa, Beto apareceu na janela, envolto em cobertores, com dificuldade para se locomover e os olhos ainda inchados, porém um pouco melhor.
Ele observava atentamente o filme que coloquei para as crianças assistirem, e o convidei para sentar-se ao meu lado e assistir ao filme comigo. Ele exibiu um sorriso, sem dizer uma palavra, e depois foi
embora para sua casa. No dia seguinte, durante outro projeto evangelístico, Beto apareceu novamente na mesma janela, observando o que estava acontecendo ao seu redor, ainda envolto em seu cobertor. Olhei para ele e o convidei mais uma vez para sentar-se ao meu lado.
O PODER DE DEUS
Ao ver Beto sentado ao meu lado, uma voz clara e decidida ecoou em minha mente: “Ore pela
cura do Beto”. Essa voz me deixou um pouco temerosa, pois não sabia ao certo se era a voz de
Deus. Temia que as pessoas ao nosso redor pudessem pensar que eu estava utilizando feitiçaria
ou algo semelhante, já que as crenças locais eram bastante diferentes das nossas.
Como médica, também senti medo, pois não estava acostumada a orar publicamente por cura. Foi então que pedi a Deus um sinal para confirmar que era Ele quem estava me instruindo a fazer aquela oração, algo que eu nunca havia feito antes. Naquela ocasião, enquanto caminhava de mãos dadas com Beto sob a chuva, pedi um sinal. Eu disse silenciosamente a Deus: “Se for o Senhor, Deus, me pedindo, que a chuva possa parar e que todas as nuvens que cobriam aquele lugar possam se dissipar.” Para minha surpresa, ao dar o terceiro passo, a chuva subitamente parou e o céu se abriu, revelando um grande sol radiante.
Embora impressionada com esse acontecimento, a dúvida começou a surgir em meu interior. Uma luta interna se travou, questionando se tudo não passava de uma simples coincidência. Mais uma vez, dirigi meus pensamentos a Deus e pedi outro sinal, confessando minha insensatez e incredulidade. Supliquei por um encontro com a família de Beto em sua casa, onde todos poderiam concordar com minha oração a Deus. Desejava que os pais de Beto estivessem presentes para dar seu consentimento, e que nenhum membro da família faltasse.
Ao chegar na casa do Beto, encontrei seu pai esperando por nós. Perguntei sobre sua mãe e ele informou que ela havia saído, mas, para minha surpresa, ela apareceu repentinamente. Em seguida, questionei se toda a família estava presente, e seu pai respondeu que não apenas os pais e irmãos, mas também os primos, tios e todos os membros da família estavam lá.
Naquele momento, senti uma força inexplicável e uma coragem que nunca havia experimentado antes.
Decidi então orar pela cura completa do Beto e indaguei cada membro da família se eles consentiam em orar pela cura dele, não invocando o deus que eles adoravam, mas sim o meu Deus, o Criador, e que através de Jesus Cristo iria promover a cura, pois o Deus que eu servia era mais poderoso do que qualquer outro.
Como uma corrente repentina, todos concordaram, formando um círculo e unindo as mãos. Eu segurei as mãos do Beto e de seu pai, e comecei a orar. Palavras de cura fluíram da minha boca, suplicando o nome de Jesus na vida do Beto. Não era para minha glória, mas para a glória e honra de Deus, através de Jesus Cristo, que eu intercedia. Pedi para que todos da família que se libertassem das garras do deus Ira, arrancando todos os cordões que utilizavam em seus corpos, pois na região de Guiné, muitos dedicados ao diabo usavam esses cordões. A família aceitou sem objeções, e até mesmo usaram os dentes para removerem esses cordões.
Eu mal podia acreditar no que estava presenciando. Estava vivendo uma experiência que me emocionou profundamente, sentindo a presença do Espírito Santo naquele lugar, o sobrenatural de Deus.
Dois dias se passaram e retornamos à vila. Fui direto para a casa do Beto e perguntei onde ele estava. Seu pai, incapaz de falar, apenas apontou para um menino magro, que mal o reconheci, brincando de futebol com seus amigos.
Era um verdadeiro milagre de Deus! Na semana seguinte, Beto foi batizado e recebeu a cura física e espiritual. Mais tarde, soube que ele se tornou um pastor e continua firme como um grande evangelista.
CONCLUSAO
Essa experiência me ensinou lições que jamais esquecerei:
- A cura, quando vem de Deus, é completa, tanto física quanto espiritualmente. Essa é a primeira lição que aprendi.
- Outra lição importante é nunca duvidar do poder de Deus. Ele está pronto para liberar bênçãos para aqueles que creem em Seu poder.
- Deus espera pacientemente, sondando nossos corações e nos conhecendo intimamente.
- Ele nos proporciona experiências para que possamos aprender cada dia mais sobre o Seu poder e os milagres que Ele tem reservado para todos que aceitam Jesus como seu Salvador e Redentor.
O poder da oração e maior do que podemos imaginar, pois como a voz humana pode atingir o
ouvido de Deus, e nossas petições encontrar aceitação nas cortes celestes? A luz que veio dos
portais celestes e incidiu sobre a cabeça de nosso Salvador, incidirá sobre nós, ao orarmos
pedindo auxílio.
“E naquele dia nada me perguntareis. Na verdade, na verdade vos digo que tudo quanto pedirdes a meu Pai, em meu nome, ele vo-lo há de dar. Até agora nada tendes pedido em meu nome; pedi, e recebereis, para que a vossa alegria seja completa.” João 16:23-24.
Uma resposta
Que testemunho poderoso! A história de Beto é uma prova viva do poder transformador da fé e da oração. Deus realmente opera milagres em nossas vidas quando nos entregamos a Ele. Que essa experiência inspire muitos a confiar no Senhor e buscar Sua presença em todos os momentos.